O
Sargento e o Bem-te-vi
Reza a lenda que um sargento
um dia foi para a guerra. Dizem que um dia um sargento foi participar de uma
guerra. E era apenas uma missão de paz, na América Central, do tipo que os
americanos incentivam e promovem escudados por ações da ONU. E era uma missão
com jeito de parques de diversões. O sargento voltou com fotos de companheiros
feridos a base de decúbitos e muito ketchup, tentando convencer os outros que
estivera em um parque de horrores. Um deles, o destino não o deixou voltar, por
um descuido de um companheiro. Durante uma inspeção de armamento, um projétil
amigo o atingiu. Caso contrário o retorno da tropa, seria como escrito em
relatórios de guerras com históricos: OK (zero killer).
Mas o sargento trouxe em sua
bagagem hábitos da convivência, ou hábitos de observação. Um hábito também registrado
em filmes. Chegar a casa, abrir a geladeira, sacar uma cerveja, e abrir a lata
de modo que muitos vejam ou escutem seu hábito de vencedor. Há algum tempo
ainda era acompanhado de um acender de cigarros, e após o retorno da jornada,
um isqueiro com fluido e pedras completava a cena. Anos de treino podiam
conferir uma agilidade, ao abrir o isqueiro e uma chama surgir.
Uma das funções de um
sargento no comando de uma patrulha é hostilizar, e aliada a grosseria nativa,
o sargento sabia muito bem exercer a hostilidade, não importando o lugar. Como
citou Gramsci, certa vez: os primeiros inimigos, nós conhecemos dentro da
própria casa. E parece que encontrou inimigos em casa.
Uma patrulha é formada por
um pequeno grupo de cinco ou seis elementos. Um grupo possível de contar nos
dedos. E basta estar diante de um elemento, ou de um pequeno grupo, para o
sargento tentar mostrar sua suposta capacidade de comandar. Como sempre disse
ele, se falar que pau é pedra, tem que aceitar. Por outro lado se santo de casa
não faz milagre, um bom fato ou uma boa ideia dentro da própria casa, coisa que
não são de sua autoria, ele nunca vai aceitar. Por vezes usou o pau e a pedra
para julgar e condenar.
Outra função da patrulha é
buscar informações sobre o inimigo e trazer de volta ao comando. Em palavras
simples, em atos fora de uma guerra, seria um ato de vigiar e fofocar. E um
sargento aposentado ou reformado vai rastejando e na espreita, seus inimigos
encontrar. Vai eleger seus inimigos e suas estratégias de guerra, por fim e buscar
realizar. Sem controles de comandantes ou de um oficialato o controlar.
Em missão secreta, o
sargento um dia foi a Barbacena, conseguir informações e tentar um comando
influenciar. Era apenas um sargento, não podia com um Brigadeiro negociar. Sua ordenança
imediata, um dia também arriscou missões secretas, na intenção de informações para
negociar. Suas ordens nunca foram muito claras, para um dia poder regatear. Apenas
um oficialato define ordens e informações claras. Subalternos não precisam entender
muito sobre suas missões, basta cumprir o determinado. E tanto é assim que entendem
o que querem. Julgam que seus supostos e desejados subalternos, executem suas
ordens, tal como, por eles determinadas.
Insistem no antigo ditado de
que enquanto alguém vai com o milho já estarão voltando com o fubá. Insistem em
ir ao moinho moer milho para obter o fubá. Hoje já não se tritura mais o milho,
vai-se a uma padaria obter um pão de milho ou um cuscuz de milho já pronto. Agora
enquanto eles ralam a macaxeira alguém já esta comendo a tapioca.
Não percebem que em uma
corrida de Formula 1, o carro avistado pelo retrovisor poderá não estar atrás
em sua retaguarda, mas uma ou mais voltas à sua frente. Enquanto tentam
manusear um celular de ultima geração, milhares de conhecimentos são disponibilizados
na internet. Quando pensarem em pesquisar algo, não alcançaram um conhecimento.
Perdeu-se um grande tempo, testando teclas, ficou muito tempo defasado.
Um dia um sargento conheceu
um bem-te-vi. Suas missões e suas visões são muito parecidas. Vigiar, espiar,
fofocar e delatar, e por fim hostilizar. O sargento age com uma patrulha ao seu
comando, enquanto o pássaro bem-te-vi pode ser visto sozinho e em um ponto
alto, para vigiar o que vê, e transmitir ao vento. E outro bem-te-vi replicar.
Pois um dia o sargento
conheceu um bem-te-vi. Um bem-te-vi que já fora marinheiro, e um dia comandou
um pequeno barco. E os dois com poses imaginadas de oficiais, como dois
almirantes traçando planos, puderam por alguns momentos dialogar. Táticas e
estratégias discutirem, e da vida de alguém falar. Reuniram-se em um gabinete
de portas fechadas para ninguém escutar. Mas o bem-tevi não conseguiu sua
língua segurar. E questionado, o sargento primeiro negou suas palavras, chegou
quase a jurar. Mais tarde um dia, restou ao sargento apenas confirmar.
O sargento machão que um dia
criticou e proibiu um filho na cozinha, de experiências realizar. Nuca lhe
ocorreu que sabores e saberes andam juntos. Hoje vive ralando cocos,
descascando e ralando espigas de milhos. Descascando e cortando frutas, para em
um forno inventado colocar. Passa horas dando nós em barbantes para não criar
suspeitas que faça um crochê. Ajuda a cortar retalhos que depois serão
emendados. E este sargento segue a risca os horários da sua nova caserna, segue
a risca um toque de recolher para o ultimo capitulo da novela não perder.
Pegadinhas são seus
programas favoritos, formado por pequenas histórias repetidas por varias vezes e
seguidamente, sem diálogos ou com diálogos curtíssimos. Só lhes resta entender a
pequena história e rir de gargalhar.
Por enquanto basta isto
falar, mas muita coisa ainda teria citar. Como hábitos de povo nordestino: sentar
em uma cadeira na porta para tricotar e fuxicar. Hábitos que se confundem como
um desmontar e montar de um armamento ou uma ferramenta.
Este
texto está disponível em:
AVISO/NOTICE/AVISO
* Esta é uma história de ficção. Qualquer semelhança com
casos ou pessoas terá sido mera coincidência
*
This is a fictional story. Any resemblance to actual cases or persons is
entirely coincidental
*
Esta es una historia de ficción. Cualquier parecido con casos reales o personas
es mera coincidencia
O texto aqui escrito pode
ser mais bem compreendido consultando outro texto:
“Entre peças e praças”.
“Entre peças e praças”.
Um texto que está disponível
em:
Roberto Cardoso
Entre Natal/RN e
Parnamirim/RN em 05/01/15
Nenhum comentário:
Postar um comentário