quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A Discoteca da vizinha



A Discoteca da vizinha



Merença era uma ganhadora de troféus. Já havia ganhado vários troféus na Discoteca da Chacrinha, uma espelunca mal frequentada em um dos bairros de Caxias. Ali ganhou prêmios, vaias e buzinadas. Ganhou diversos troféus abacaxis e outros tantos troféus bacalhaus. Cansada de guardar seus troféus na geladeira e não poder deixa-los expostos na sala, pensou em uma estratégia. Tentou pegar a buzina do comunicador como troféu. 

─ Alô dona Merença, a que devemos a sua presença.

Certo dia foi cantar Índia, em estilo caribenho, e na primeira nota da musical foi buzinada. Em uma atitude desesperadora tentou pegar a buzina, para levar para casa como troféu. Mas foi infeliz em sua investida. Não era tão simples como as coisas que pegava nas festas, embora o programa transcorresse em clima de festa. Não havia uma festa que Merença não levasse para casa o enfeite da mesa, e outros enfeites. Certa vez pegou uma toalha de mesa de uma festa, disse que combinava com a sua mesa. Para evitar problemas maiores Aluizo teve que se enrolar na toalha simulando uma saia, e fazer gestos de menina. E conseguiu enganar a equipe de segurança da festa.

Enquanto Merença se ocupava de pegar enfeites de festas, a Tia Caloteirinha preparava sua marmita. Toda segunda-feira era dia de marmita farta, havia sempre uma festa, no final de semana, ou uma visita na casa de algum conhecido que Tia Caloteirinha voltava com a marmita de segunda-feira pronta. Os almoços de final de semana na casa da Tia Professorinha rendiam muitas marmitas, para vários dias. Tia Professorinha já tinha em casa embalagens descartáveis de papel alumínio, as chamadas quentinhas, pois sabia que as panelas ficariam limpas e quase que lavadas. A partir do momento que Tia Caloteirinha se abrigou na casa do MC Ardeu, que a situação mudou um pouco. Pode fazer convites para outros almoçarem, desde que não comessem a porção reservada para sua marmita do dia seguinte. 

Os programas de calouro acabaram. Novos programas chegaram e o repertorio de Merença estacionou. Deixou de participar em programas de radio e televisão e passou a alugar ouvidos em festa. Toda festa do Tio Mauricinho tinha um karaokê. Merença não largava o microfone desde a instalação do equipamento, até a devolução.   Passava horas alugando os participantes das festas com suas musicas chatas, as suas sofrenças.

Durante as festas do Tio Mauricinho era o karaokê que reinava. Quando não tinha festas e karaokês, era com o aparelho de som que Aluizo dera de presente. O maridão como ela dizia. E os vizinhos tinham que aturar as faxinas diárias, com a voz da taquara rachada, e acompanhamento dos cachorros uivando. Até hoje muitos CDs da casa da Tia Professorinha esta sumidos, ninguém sabe e ninguém viu.

Conhecida por todos na rua por participar em programas de calouro, a vizinhança insistia em entrar em sua casa para visitar, ver os troféus ganhos por Merença. Quanto havia festas na rua, e churrascos de final de semana, na quitanda da Lurdi, era convidada para cantar “A perereca da vizinha”. Em uma tentativa solucionadora de impedir a entrada de vizinhos, em sua casa, passou a manter a porta da sala trancada. E com uma cadeira de “prastico”, mais outra cadeira da vizinha, sentava na calçada e ficava a toa na vida esperando a banda passar, depois que Aluizo a chamava.


AVISO/NOTICE/AVISO
* Esta é uma história de ficção. Qualquer semelhança com casos ou pessoas terá sido mera coincidência
 * This is a fictional story. Any resemblance to actual cases or persons is entirely coincidental
 * Esta es una historia de ficción. Cualquier parecido con casos reales o personas es mera coincidencia

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