segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

AM / FM



AM / FM

AM - Aliça Monster em FM - Fazendo Merda

Merença supunha ser, ou queria ser uma grande cantora. Tentou concursos em rádios AM e FM. Era um ‘pra lá e pra cá’ em AM e FM. Não conseguiu nada, era Aliça Monster (AM) sempre Fazendo Merda (FM). Esta até hoje em um ‘pra lá e pra cá’ no rádio trocado estações entre AM e FM. Seus sonhos de ser uma cantora do rádio não vingaram, restaram-lhe outros sonhos. E um deles, era um sonho de ser o pesadelo de outros.

Merença queria farra, queria brincar o que não brincou em sua infância. Enquanto pequena, brincava de monstro que afogava gatinhos e cachorrinhos novinhos, talvez em baldes. Agora que era maior, queria ser um monstro maior. E era na água que o monstro desde cedo morava. Nas araruamas (em tupi: o local das araras beberem água), Aliça Monster gritava como as araras. Aliça Monster morava e praticava suas más ações, nas águas. Queria dominar o mundo, o seu pequeno mundo. 

Merença adora pegar um balde alheio. Os baldes amarelos parecem ser os seus preferidos, jura que são seus, quando são requisitados pelos donos. E por vezes atribui a outros a presença dos baldes em sua casa. Tem uma coleção de baldes, entre os subtraídos e os esquecidos, outros foram deixados por alguém, e não foram requisitados, evitando maiores desentendimentos. Receios de o monstro atacar novamente.

Aliça Monster ajeitou seu califon e partiu para contaminar caixas d’águas e cisternas de fáceis acessos. Às vezes ela encontrava em seu caminho algumas piscinas rasas, onde também gostava de se banhar. Tinha medo de escorregar e se afogar, então procurava caixas d’águas e cisternas com fácil acesso e águas rasas. Piscinas infantis eram ideais. Lagoas muito rasas também. Ajeitava seu califon e seus banquinhos, os bancos e banquinhos que nunca foram seus, e entrava nas caixas d’águas da vizinhança. Cantava Índia enquanto lavava a bunda nas caixas d’águas, seu objetivo maior era contaminar quantidades enormes de caixas d’águas. Os mosquitos fugiam quando percebiam a sua presença, ela zumbia mais alto. E seu objetivo utópico maior, era contaminar a água do mundo, começando pelo seu pequeno mundo. Um mundo que ela entendia como todo seu.

Com seu califon frouxo e calçola arreganhada, a arara cantava Índia sem parar, enlouquecendo a vizinhança, enquanto cascaviava as águas contidas e cercadas. Cada caixa d’água era como uma banheira. 

Era uma torcedora fanática por futebol, e como ela dizia “time bão é o Framengo”. Antes de seu time começar a jogar, preparava um pano de prato cheio de nós, como simpatia para o time adversário perder. Fazia nos depósitos de água a sua banheira. Com o pano de prato cheio de nós, esfregava para lá e para cá o rego, afundado na água. Preparava o pano para acompanhar o jogo de futebol, e contaminava a água da vizinhança.

Merença morava no inicio de uma rua, e se prevalecia do seu ponto de espia para saber de tudo e de todos. Seus fieis escudeiros estavam sempre à postos vigiando a rua. Dois bem-te-vis, um mais velho e outro mais novinho. Qualquer suposta anormalidade ou chegada de um vizinho, daí os bem-te-vis corriam para dentro da casa para informar. Morar no início da rua era como uma posição de domínio. Aluizo e Merença se achavam donos da rua, o rei e a rainha sentados esperando os cumprimentos de seus súditos que passavam. 

Em sua casa como um castelo, o poder se tornava maior. Controlavam entradas e saídas pelo portão.  Sabiam da vida de cada um, e suas vidas queriam controlar.

26/01/15


AM / FM*
* Esta é uma história de ficção. Qualquer semelhança com casos ou pessoas terá sido mera coincidência
* This is a fictional story. Any resemblance to actual cases or persons is entirely coincidental
* Esta es una historia de ficción. Cualquier parecido con casos reales o personas es mera coincidencia


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AVISO: Histórias de ficção. Qualquer semelhança com casos ou pessoas terá sido mera coincidência
AVISO: Historias de ficción. Cualquier parecido con casos o personas es pura coincidencia
NOTICE: Fiction stories. Any resemblance to cases or persons is entirely coincidental

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