Amarelos QAP/QSL/QTA
Há um tipo de fazenda em chamboques e modelos padrões, onde predomina
a cor amarela, com tendência a cor de jerimum. E além de um uso doméstico, este
catoco de tecido está sempre associado o seu uso, nas ruas, praças e avenidas,
cigarreiras e bibocas. A flanela já foi por muito tempo o instrumento de
trabalho do engraxate, que depois de muito uso e reuso, perdia suas tonalidades
de cores amarelas e de jerimuns, adquiria as cores de sapatos engraxados e
lustrados. Os engraxates trabalhavam agachados diante dos seus clientes
manicacas, os possuidores de bons calçados, com portes ilustrados, que
retribuíam o serviço com alguns centavos. Poucos eram os engraxates que
trabalhavam em locais melhorados, muitos construíam sua caixa de engraxate com
madeiras reaproveitadas do final da feira. E com uma escova de sapato, e um
pouco de graxa, saiam batendo na caixa, e na latinha, atraindo os clientes para
ganhar uma laminha.
A função dos engraxates encontrados pelas ruas e praças da cidade, aos
poucos foi se extinguindo, com a popularização do uso de tênis, papetes e
sapatilhas, que não precisam de lustro e de graxa. Mas o pano amarelo e suado, agora
distiorado, continuou pelas ruas da cidade, foi parar nas mãos de uma outra
categoria de profissionais remunerados com alguns centavos. Continuou nas ruas,
e ficou nas mãos de guardadores de carros, guardadores não regulamentados, que
foram denominados popularmente de flanelinhas, também conhecido como pastorador
de carro, que utilizam do catoco, para sinalizar manobras, e limpar os carros parados
ou estacionados. Carros amarrados nas portas tal como cavalos e jegues no
passado.
Flanelinhas trabalham por centavos na função de pastorar os carros
caningados, de muitos motoristas abestados, exibindo supostas condições de
engraxados e ilustrados, uns abilolados e amostrados, querendo ser aprumado. Com
estacionamentos privatizados ou regulamentados, os denominados de flanelinhas pastoradores
tendem a se extinguir, perdendo seus tempos de lustros e glorias, tal como os
engraxates. Baterão então suas caixas em outros lugares, em um novo empreendimento
arrretado; em uma outra nova lapada.
A cor amarela é a cor básica das regras das ruas, uma cor para chamar
atenção de motoristas, antes de um erro imprudente ou um perigo eminente. Semáforos
ou sinaleiras e até farol e sinal, indicam esta cor antes do verde ou do encarnado,
para chamar atenção aos próximos movimentos a serem engatados. O sinal verde ou
vermelho, com a interseção do amarelo também vale para os pedestres em suas
travessias sobre faixas pintadas, de ruas e avenidas. Nas ruas existem
simbologias de cores e formas, delimitando espaços e preferencias escalonadas.
Dentro de poucos minutos ou segundos a cor amarela, apaga e dá a vez para
outras cores. Apenas sinaliza um QAP.
Nas frutas, a cor pode ser um sinal que está pronta para ser colhida.
Primeiro a fruta fica verde, depois amarela, avisando que a próxima coloração
pode ser um risco vermelho para ingerir, ou colocar na panela. O amarelo é uma
cor transitória, limite de tempos e espaços.
Entre a rua e a calçada, a cor amarela está presente, com uma faixa, para
limitar os espaços de veículos e pedestres, a faixa transitória entre os meios.
Meio fio pintado de amarelo, também indica um respeito e coerência ao pedestre,
que tem como limite a calçada, como seu espaço protegido e determinado. A faixa
amarela e continua, indica que não se pode estacionar. As faixas pintadas na beirada
das calçadas também sinalizam ao deficiente visual, um eminente perigo de um
degrau, e o lugar onde circulam veículos, por um piso táctil de cor amarela,
com uns pitocos por cima da cerâmica. Cores e formas para diferentes usuários. Para
que o deficiente visual não se machuque, ou não se atrapalhe, não deve haver veículos
à frente, junto da faixa continua amarela, ou ao longo do piso táctil.
E o amarelo circula pelas ruas. Dai a razão de a grande parte dos
tratores terem a cor amarela, para chamar atenção de quem está próximo de uma máquina
em movimento: forte, potente e lento. Uma famosa marca de cavalos mecânicos, que
puxam carretas, também tem a cor de jerimum, uma cor para chamar a atenção, tal
como um extintor de incêndio tem a cor avermelhada, uma forma de acudir os
desesperados. Bombeiros e ambulâncias vermelhas, vão em busca de salvar vidas.
Carros vermelhos e amarelos, chamam a atenção em uma frota de carros
circulando nas ruas, com cores variando do branco ao preto, com intermediários tons
de cinza misturados. Uma Brasília amarela também fez muito sucesso, na moda da
cor chegou o Camaro amarelo. Brasília ou Camaro, apesar da fama ou do sucesso,
não estão autorizados a estacionar sobre as calçadas, não dá para afolosar.
Uma pilha depois de muita propaganda e reclames, foi denominada e
reconhecida na praça do comercio, como as amarelinhas. Chegou a pilha do gato e
dividiu o mercado. E as antigas pinhas vão perdendo o mercado, a medida que
aumentam as alcalinas, com o aumento de uma vida util. E novas pilhas com novos
minerais, vão entrando no mercado.
Na cidade do Sol, que é de cor amarela, podemos encontrar amarelos em
pares de jarros, com os seus diminutivos agalegados. Pequenos amarelos que tal
como o Sol, procuram um abrigo ao anuncio das próximas chuvas, rápidas e
intermitentes. Talvez seja possível encontra-los escondidos e imbiocados em
abrigos, suas nuvens permanentes, ou amoitados em oitão. Quando encontrados aos
pares estão sempre ocupados, com sorrisos amarelos, ao conversar lorotas com
seus pariceiros, ou com celular preso nas oreias. Por vezes as pareias podem
estar também ocupadas com seus rádios ligados, aguardado as novas ordens da
estrela maior. Um sorriso amarelo para mostrar que estão QAP. A estrela maior
de quinta grandeza, estrelando sistematicamente como estrela televisiva, em
jornais regionais, anunciando impedimento e desvios, de ruas e avenidas.
Os pequenos amarelinhos quando solicitados a trabalhar, ou quando
interrogados, usam as prerrogativas de parangolés e desculpas do serviço
público em dizer; não estou em serviço ou não estou de plantão; não é a minha
atividade e não é minha função; maiores esclarecimentos procure a
coordenadoria, estou muito ocupado não posso dar atenção; meu chefão está de
gabola em uma gravação, pois vai aparecer na televisão; o efetivo é pequeno, e
estamos aguardando um edital ou uma licitação. E outros leros leros e lengas
lengas lambusadas. É melhor lavar a burra do que lenhar-se.
Seguindo a ordem natural, dos amarelos, eles entram em extinção. E os
pequenos amarelos da cidade amarela também vão se extinguindo, por pouco serem
vistos, e não sendo atendidos pelo povo quando encontrados mal-humorados. O
cidadão e o pedestre vão ficando com um sorriso amarelo ao exigir seus diretos
de usar a calçada ou a passarela, e não encontrar um simples amarelinho para
fazer cumprir e não dar trela. Reforçar as regras, e as leis que impeçam carros
malamenhados sobre as calçadas; motociclistas e motos estacionados, e fugindo
de um garguelo; e outros trens garapeiros, arengando quem anda de pé na calçada,
com uma maçada.
É muita gastura. As ruas e calçadas estão um entojo, o nó da goiaba. O
transito um nó cego torando dentro. E as pareia amarelas aguardando QSL, para começar
a trabalhar.
Deixem de leseira e fiquem curiando, evitem QTA ao pegar o beco, escafedendo
para não virar reeira estribuchada.
Entre Natal/RN e Parnamirim/RN, 31/08/15
por
Roberto
Cardoso (Maracajá)
Reiki Master &
Karuna Reiki Master
Jornalista Científico
FAPERN/UFRN/CNPq
Plataforma Lattes
Produção Cultural
|
Textos disponível em:
http://www.publikador.com/entretenimento/maracaja/2015/08/um-portal-entre-a-pinacoteca-e-a-biblioteca/
Outros textos:
|
|
Outros textos:
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário