Há que diga que o som
emitido por grilos são sons repetitivos e incomodativos, o denominado cricrilar.
Grilos frequentam e habitam matos, matas e matagais, quem esta na roça tem que
ser roceiro para saber escutar. O som emitido pelos grilos é conhecido pela
onomatopeia cri-cri, um termo entendido
e estendido coloquialmente às pessoas que gostam de incomodar. Pessoas
insuportáveis e maçantes (Dic.). Pessoas
que passam o dia a cricrilar. E há pessoas que parecem se comportar como os grilos,
onde o importante é incomodar e criticar. Não importando o quanto, o quando, ou
o onde, quiçá o porquê do fato. Há inúmeras formas de incomodar.
Uma forma de incomodar é
cantar, não importa o que, canções antigas que só ela conhece, ou um refrão de jingles
em propagandas de radio ou televisão, “uma grande imaginação”. Cantar o que um
cantor canta em rádio ou outro aparelho sonoro, impedindo outros de a canção legitima
escutar. Cantar, reclamar do tempo que ocorre lá fora, do calor ou do frio que
faz; da chuva que cai ou da chuva que falta. Reclamar do sono que sente ao
acordar. Da chuva que promete vir e não chega.
O importante é reclamar, sem
saber a razão ou o porquê, ou para quem reclamar. Reclamar até do comportamento
do personagem da novela. Reclamar da fulana ou da vizinha, que fez isto ao
invés daquilo, embora a atitude da fulana ou da vizinha não influencie o seu
dia a dia. Muitos incomodam ao estacionar. Colocam seus carros onde outros
desejam passar.
Outra forma de incomodar é
fumar. Fumar em locais fechados obrigando aos que convivem no mesmo espaço
respirar o mesmo ar. A princípio o ato de fumar sob o ponto de vista de um
fumante, é um ato individual de absorver e respirar a própria fumaça produzida
pelo seu fumo em processo de queima. A ciência pesquisou, tabulou e identificou
que as pessoas participantes do mesmo ambiente do fumante tornam-se fumantes
passivos. Enquanto a ciência não tinha argumentos para criticar o ato de fumar,
os participantes do mesmo ambiente criaram admissões e estratégias. Admitiram a
presença do fumante, ou criaram desculpas e estratégias de sair do ambiente, ou
mesmo não se incomodar com a fumaça. E até mesmo não sentir o cheiro. Não sentir
o cheiro funcionou como um ato assumido inconscientemente, dividindo uma culpa
e uma responsabilidade, por vezes uma submissão.
Na impossibilidade de não
poder fumar, alternativas um ex-fumante pode encontrar. Como o nobre gesto de
limpar e desinfetar um quintal. O nobre gesto de empestear o quintal e a casa
com o cheiro de desinfetantes fortes, as populares creolinas. Vai poder
justificar seu gesto e seu ato, com argumento de limpeza e desinfecção dos
excrementos produzidos e depositados pelos cachorros que estão na casa.
Enquanto os outros participantes da casa dividem o cheiro insuportável, ele
pode dormir ou cochilar, justificado pelo seu esforço exaustivo de promover uma
limpeza no quintal.
Um cheiro não é simplesmente
incomodativo ao olfato. Um cheiro forte e incomodativo implica em exaustivas
trocas de ar, do pulmão com o ar no meio exterior. Consequentemente um esforço
do coração no bombeamento do sangue que passa pelos pulmões e percorre todo o
corpo. Coisas difíceis de entender e difíceis de explicar a um sargento. Aumento
da frequência respiratória (FR) implica em aumento da frequência cardíaca (FC),
podendo aumentar a pressão artéria (PA).
Um sargento não foi formado ou
preparado para pensar, mas está preparado e habituado em receber ordens; seguir
receitas, rótulos de produtos e bulas de remédios. Ainda haverá inúmeras formas
de incomodar, outros modos de ser um cri-cri, com inúmeras formas de cricrilar.
É só esperar.
Cri-cri, cri-cri, cri-cri...
17/02/15.
Entre Natal/RN e Parnamirim/RN.
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