Querida
Tia Chester*
Foi uma emoção inenarrável com
a sua chegada, e com a sua presença entre nós. Todos sempre ficam pululantes
com a sua chegada e presença. É um alvoroço total, todos ficam se esbarrando,
sem saber aonde ir e lhe encontrar. A senhora tem por habito ficar uma hora
aqui e outra hora ali, em um vai e vem de locais e movimentos. E ainda se
esconder nos corredores lá do fundo, e não sabemos se é o da direita ou o da
esquerda, e ainda tem outro corredor lá atrás, e nesta brincadeira a metade ou
uma parte se perde o caminho, entrando no corredor errado. Às vezes nem
conseguem entrar no corredor. Por momentos a confusão é tanta que parecem
estarem nadando contra uma corrente, talvez para exercitar. E correm
exercitando seus músculos que sentem, para ver quem chega primeiro, para lhe
tocar e cumprimentar. Uma disputa para ver quem chega primeiro, junto a sua
presença. E a senhora sempre pronta para acolher e receber o primeiro a chegar.
Depois do privilegio do primeiro, os restantes ficam tristes, já que os outros
não conseguem encostar. Até que ocorra uma nova oportunidade, uma nova ocasião
com a sua presença. Então o alvoroço começa novamente, todos disputando ser o
primeiro.
Da ultima vez que a senhora
veio para o Natal, compramos antecipadamente o seu peru. Sabemos o quanto a
senhora o aprecia, tanto no Natal como em outra data comemorável. E lógico que
o seu tempero, que é um segredo, deve tornar o peru mais apetitoso, tempero que
só a senhora sabe fazer. Da para perceber sua vontade de abocanhar quando vê o
peru pronto. Já compramos outro peru para aguardar a sua chegada, está congelado
e duro. Desta vez o peru veio com apito, mas não é para assoprar e apitar, é
para avisar que o peru estará pronto, no ponto. Tecnologias da modernidade. Daí
quando ele apitar é só olhar pela janelinha e vir seu jeitão corado, com a
calda escorrendo, achamos que a senhora vai gostar do tamanho.
O peru como a senhora diz, é
para poucos, não é para qualquer um. E quando a tropa é grande a senhora
prepara um carreteiro. Com temperos de caminhoneiros que só a senhora conhece.
A galinha da senhora também não deixa a desejar. E por falar em carreteiros e
caminhoneiros que lembram estradas. Sempre que passamos pelo encontro de duas
avenidas, lá naquela parada, a do Lucas. Lembramos-nos da sua comemoração
naquela esquina, de avenidas. Era uma época de Lua cheia com muita chuva, e
havia muitos embriões.
Foi muito animada a sua
ultima presença. Até os escoteiros armaram barracas na praça quando a senhora
passava. Antes de a senhora chegar o circo já estava armado. Muitos escoteiros
armaram a barraca, só em saber que a senhora ia chegar.
Sabemos que a senhora gosta
de peru há muito tempo. Sempre lembramos uma época de quando éramos pequenos, nas
festas de fim de ano. Quando a senhora escondia os perus dos vizinhos da rua.
Escondia e nos fazia procurar. Quando descobríamos onde ele estava escondido, a
senhora mudava o esconderijo. O esconderijo era mais fácil de achar quando às
vezes a senhora esquecia e falava de boca cheia.
Tia Chester é uma pena que a
senhora não tenha levado seus estudos adiante. A sua experiência adquirida na
pratica, poderia desbancar o Relatório Hite e a Marta Suplicy. E adoramos a sua
maneira simples de falar estes assuntos, uma maneira a bem simples com o
linguajar comum da rua, um modo ate didático, bem fácil de entender.
*
Esta é uma história de ficção. Qualquer semelhança com casos ou pessoas terá
sido mera coincidência
* This is a fictional story. Any resemblance to actual
cases or persons is
entirely coincidental
* Esta es una historia de ficción. Cualquier parecido
con casos reales o personas es mera
coincidencia
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